Projeto Reflorestamento no Pão de Açúcar

Já virou tradição: todo primeiro domingo do mês tem mutirão de plantio nas encostas do Pão de Açúcar ou do Morro da Urca, no Rio de Janeiro.

A atividade começou em 2002, quando o montanhista Domingos Sávio Teixeira resolveu fazer sua parte em prol do meio ambiente na cidade que escolheu para viver. Natural do Mato Grosso do Sul, Sávio se mudou para o Rio em 1985, depois de morar onze anos em Rondônia. Morando perto da Urca, bairro onde se encontra o Pão de Açúcar, fez do bairro seu local de lazer preferido. 

Interessado pelo montanhismo,  fazia caminhadas e escalava as belas paredes de rocha existentes em abundância no Rio. Com o tempo, começou a se incomodar com os incêndios periódicos que ocorriam nas encostas, destruindo a vegetação nativa e expulsando a fauna. O maior vilão era o capim colonião, espécie exótica invasora e grande propagadora de fogo, causado principalmente pela soltura de balões, atividade que era muito comum na Cidade.

O Pão de Açúcar também era vítima desses incêndios periódicos, principalmente a face leste, que era quase toda recoberta pelo capim colonião. O incômodo se transformou em atitude transformadora ao conhecer o casal de montanhistas Nóbile Rocha e Sátika Murakami, que já tinha “colocado a mão na massa” e iniciado o reflorestamento de uma área na face leste do Pão de Açúcar. Foi um encontro inspirador e após alguns meses de aprendizado com esse casal, Sávio resolveu adotar sua primeira área, na face leste do Pão de Açúcar, em maio de 2002.

Um ano depois, em maio de 2003, após um grande incêndio em uma área anexa, o Grotão da face leste, adotou metade dessa área e iniciou o trabalho de substituir o capim colonião pelas espécies da mata atlântica. Em agosto de 2004, como diretor de ecologia do Centro Excursionista Rio de Janeiro (CERJ), coordenou os mutirões para o reflorestamento do Costão Lagartinho, na face sul do Pão de Açúcar, trabalho que se estendeu por cerca de cinco anos.

A partir de 2004, os mutirões passaram a ser mensais, uma forma de tornar a atividade regular e envolver, inicialmente, os montanhistas na causa ambiental. Posteriormente, os mutirões foram abertos a quem quisesse participar, independente de ser montanhista ou não. E sempre com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que fornece as mudas de espécies da mata atlântica para o plantio. Os incontáveis voluntários que já participaram dos mutirões, deixaram sua contribuição e ajudaram a viabilizar essa mudança.

O trabalho principal, no entanto, era feito individualmente todo fim de semana, uma tarefa que ele trouxe para si como uma forma de retribuir à cidade tudo o que ela lhe proporcionava em beleza cênica e oportunidade de estar em um ambiente natural privilegiado.

Uma curiosidade interessante é que ao longo desses quase 13 anos reflorestando o local, Sávio encontrou várias balas de canhão de diversos formatos, que foram resgatadas pelo Exército e se encontram expostas em um museu localizado dentro da Fortaleza de São João, na Urca.

As três áreas adotadas no Pão de Açúcar tem, atualmente, um aspecto muito diferente, com bosques formados em alguns trechos de solo mais profundo e em outros uma vegetação de menor porte, própria desses ambientes costeiros. Em todos eles, porém, a mudança essencial: saiu o capim colonião, espécie exótica invasora, e voltaram as espécies de mata atlântica, uma vitória do trabalho e da perseverança.

A Prefeitura do Rio reconheceu o trabalho em 2012 com o prêmio Parceiro do Meio Ambiente e para a revista Veja Rio, ele é Carioca Nota 10.

Em junho de 2006, a Prefeitura do Rio de Janeiro criou o Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca, protegendo oficialmente esse complexo de morros de excepcional beleza cênica e grande importância histórica, pois foi aos pés do Pão de Açúcar que a Cidade foi fundada por Estácio de Sá, há 450 anos.

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Conheça mais sobre o trabalho em: paodeacucarverde.blogspot.com.br

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ica Desviantes:

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