Mundo por Terra - Volta ao Mundo de carro

No dia 25 de fevereiro de 2007, Roy e Michelle partiram para o que seria uma viagem de 1.033 dias ao redor do mundo. Mais do que uma viagem qualquer, o casal enfrentou uma grande aventura. A rota ao redor do mundo, vista através de mapas rodoviários, parece fácil e simples, mas o que encontraram pela frente foram estradas inóspitas, esburacadas e muitos desafios.

A ideia de dar uma volta ao Mundo surgiu como um sonho distante. Mas certo dia a ficha caiu e decidiram não mais postergar. Após um ano e meio de planejamento, os dois resolveram largar a vida de certezas, conforto e estabilidade, e literalmente sair pelo mundo. Saíram abertos para o que desse e viesse, para viver novas experiências e tentar absorver ao máximo toda a diversidade que existe neste pequeno grande Mundo.

Em entrevista para o Desviantes, Roy e Michelle contam um pouco da jornada e nos ensinam aquilo que aprenderam ao atravessar 60 países e dirigir por 160.733km.

DESVIANTES: O que é para vocês se aventurar? O projeto “Mundo Por Terra” surgiu como uma necessidade de se aventurar?

MUNDO POR TERRA: Aventurar-se é partir rumo ao desconhecido e estar aberto a encarar o que vier pela frente. É a busca de experiências enriquecedoras. Não é meramente um situação radical e perigosa. Aventurar-se é voltar a essência humana, é viver de uma forma simples e aproveitar cada momento fora do comum que nos deparamos.

O Roy, desde 1999, já realizava pequenas expedições pela América do Sul, algumas de moto sozinho, outras de carro com amigos e a última comigo (Michelle). Um dia, num encontro com amigos aventureiros, ele ouviu pela primeira vez a expressão “Volta ao Mundo” e desde então, não saiu mais de sua cabeça. Até que esta expressão resultou num sonho, o de dar a volta ao mundo, mas era aquele sonho que ele postergava sempre para daqui a 10 anos, deixando-o, de certa forma, confortável... até o dia que, após uma conversa com um colega empresário, a decisão foi tomada. O Roy me convidou para encarar com ele esse grande desafio e não demorou nada para que eu topasse.

O projeto surgiu de um sonho, mas a aventura sempre esteve impregnada em nossos espíritos. O Mundo por Terra não foi apenas uma viagem para conhecer o mundo, mas uma verdadeira aventura. Largamos nossa vida de certezas, conforto e estabilidade e saímos sem saber o que nos esperava. Nem sabíamos o que planejar. Fomos aprendendo tudo no caminho.

Vocês fizeram uma viagem de volta ao mundo bem incomum. Como se já não bastasse a viagem em si, vocês estavam sempre procurando por mais aventura (Circuito Annapurna, Cruzar 520 km do deserto do Saara, Mergulho em Three Pools no Egito e Subida ao Monte Roraima). De tudo que vocês aprontaram, qual foi o momento da viagem que vocês mais sentiram o espirito de aventura à flor da pele?

Fica difícil citar apenas um momento, pois nosso dia a dia era sempre cheio de aventuras. Por exemplo: dirigir na índia, achar um lugar seguro para dormir; cruzar a fronteira de Camarões com a Nigéria e também a da Etiópia com o Quênia; dormir entre leões; nosso carro estragar em lugares inóspitos; lidar com a propina de estradas e em fronteiras, fazer vistos, etc. Agora, o que acreditamos que sentíamos o maior espirito de aventura eram nas varias vezes que dirigimos em estradas precárias, a centenas de quilômetros da civilização, no meio do nada e sem comunicação.

Michelle, no livro que vocês lançaram sobre a viagem,  no final do seu texto “Uma mulher no mundo”, você encerra dizendo: “Por fora eu voltei a ser a mesma, mas por dentro, com certeza me tornei uma nova mulher”. De que maneira a viagem contribuiu para formar esta nova mulher que você cita?

O contato com outras culturas, muitas delas muito diferentes da nossa, nos deu a possibilidade de ter uma visão bem mais ampla do mundo. Vendo a situação em que as mulheres vivem e como são tratadas pela sociedade de alguns países orientais, vi o quão sortuda sou de ser brasileira e ter a liberdade e direitos que tenho. Na Índia as mulheres não são nada para a sociedade, são marginalizadas. Nos países muçulmanos, devem andar cobertas de panos e possuem pouco contato com o mundo externo. No Paquistão, eu era a única mulher a circular nas ruas. Mas ao mesmo tempo também aprendi muito com a simplicidade da vida dessas mulheres. Que o nosso mundo ocidental de consumismo, extrema vaidade e preocupações excessivas com a aparência também é uma forma de privação da vida. Deixamos de viver a essência de nossa vida e gastamos muito tempo nos preocupando com essas futilidades. De volta pra casa, consegui absorver um mix desses dois lados da moeda e tento viver uma vida bem mais equilibrada.

Roy, uma questão que fica é: Após a viagem, você retomou a vida de antes, trabalhando na área administrativa de uma empresa e seguindo uma rotina puxada, ou resolveu mudar de estilo de vida?

Eu não voltei a vida que vivia antes. Mudei-a da agua para o vinho. A viagem havia acabado, mas muitos novos projetos foram iniciados, como a escrita do livro Mundo por Terra, a exposição fotográfica, palestras, etc. De uma forma ou de outra, estava revivendo a viagem todos os dias.

Algumas pessoas sempre tiveram vontade de fazer uma aventura (pular de paraquedas, fazer um mergulho ou sair para viajar), mas ainda não criaram motivação para isso. Vocês saíram para uma viagem de 1.033 dias. Qual o conselho que vocês têm para encorajá-los?

“No momento em que uma pessoa assume um compromisso com os seus sonhos, a providência começa a funcionar a seu favor e coisas começam acontecer. Mas nada acontece antes que a pessoa se projete para a ação. Seja o que for que você sonhe fazer: faça! A coragem de começar tem gênio, poder e magia. Comece agora.” (W. Goethe)

Qual é a sua história? Quais são suas experiências, expectativas e sonhos? E a partida para correr atrás deles, já tem data marcada?

Marque a data e vá!

 

Perfil dos Viajantes

Roy Rudnick: Administrador, pós graduado em marketing e finanças, trabalhou em diversos setores da empresa Móveis Rudnick. É músico, adepto do off-road e do paraquedismo. Acredita que a experiência da viagem mudou a sua vida e permitiu o ganho de novas aptidões, como da fotografia e da escrita.

Michelle Weiss: Arquiteta e urbanista, em 2007 trocou temporariamente sua carreira para participar da Expedição Mundo por Terra. Queria vivenciar e desfrutar de duas grandes paixões: a natureza e a aventura. Durante a viagem, aprimorou seu conhecimento em idiomas, ampliou horizontes na área da arquitetura e, como fotógrafa, captou centenas de imagens.

 

Paisagens da Viagem

 

Quer conhecer mais sobre o Mundo por Terra e outras aventuras de Roy e Michelle?

Website: mundoporterra.com.br

Facebook: /MundoPorTerraUmaFascinanteVoltaAoMundoDeCarro

Livro: Mundo Por Terra - Uma Fascinante Volta ao Mundo de carro.