Travessia da Serra Fina - Como Funciona e Dicas
14/06/2017

Travessia da Serra Fina - Como Funciona e Dicas

Escrito com auxílio e colaboração de Bruno Masredon

Considerada uma das trilhas mais desafiadoras (e também uma das mais bonitas) do sudeste do Brasil, a Travessia da Serra Fina, situada na divisa de Minas Gerais com São Paulo, percorre algumas das mais altas montanhas da Serra da Mantiqueira – Pico do Capim Amarelo, Pedra da Mina (quarta montanha mais alta do país), Pico dos Três Estados e Morro Cupim de Boi –, sendo que alguns desses pontos chegam a quase três mil metros de altitude. No entanto, você não precisa se assustar: apesar de ser fisicamente exigente, basta não ser sedentário e ter o acompanhamento de um guia experiente que qualquer pessoa conseguirá realizar esse trekking, e prometemos que é uma aventura extremamente recompensadora.

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Ainda assim, por se tratar de um trekking de quase quarenta quilômetros, geralmente realizado entre três a quatro dias, é importante estar preparado e já ter certas informações sobre a trilha e sobre a região que podem ser úteis durante o percurso. Com isso, o Desviantes reuniu algumas dicas e curiosidades sobre a Travessia da Serra Fina para ajudar os futuros praticantes desse trekking.


1. A travessia

A trilha que você irá encarar, ou seja, a Travessia da Serra Fina, é dividida em quatro partes (por isso, aliás, o tempo para completar o trekking pode ser até de quatro dias).

Primeira Parte
Você irá começar pela primeira parte, a subida ao Pico do Capim Amarelo, que possui aproximadamente 2.500 metros de altitude e de onde pode-se observar os picos Marins e Itaguaré ao fundo, sendo essa uma das vistas mais lindas do percurso inteiro; após assistir ao pôr-do-sol do cume, que é um espetáculo e experiência inesquecíveis, você irá dormir em barracas montadas nas clareiras do pico.


Linda vista do cume do Pico do Capim Amarelo

Segunda Parte
Na segunda parte, ou no segundo dia, nós partimos do Capim Amarelo em direção à Pedra da Mina, que, como já foi mencionado anteriormente, é a quarta montanha mais alta do país, com cerca de 2.800 metros de altitude, mas, além disso, é também um dos lugares mais fascinantes da travessia, pois seu cume forma o ponto da tríplice das divisas das cidades de Passa Quatro, em Minas Gerais, e de Lavrinhas e Queluz, em São Paulo. Lá do topo, é possível ver também o caminho que será feito no próximo dia de trekking, além de vistas deslumbrantes de outros picos, como o Maciço das Prateleiras, do Morro do Couto, etc.


Camping no cume do Pico da Pedra Mina


Vista do narcer do Sol no cume da Pedra da Mina com as Montanhas do Parque de Itatiaia ao fundo

Terceira Parte
A terceira parte é aquele mesmo caminho visto no dia anterior do topo da Pedra da Mina que leva ao Pico dos Três Estados, uma montanha de 2.650 metros de altitude. Nesse percurso, você passará rapidamente pelo Morro Cupim de Boi, a 2.500 metros de altitude, e então continuará até alcançar o Pico Três Estados, cujo cume descortina uma belíssima vista panorâmica do Parque Nacional de Itatiaia e algumas de suas incríveis formações rochosas, como a do Pico das Agulhas Negras e do Maciço das Prateleiras.

Uma curiosidade muito interessante desse pico, aliás, é que você pode ver o porquê de ele ter recebido esse nome – no topo, há uma espécie de “triângulo” com cada uma de suas pontas indicando a direção de um estado, já que esse é o ponto de divisa entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.


Nascer do Sol do cume do Pico dos 3 Estados juntamente com o marco de divisa dos três estados


Foto noturna no cume do Pico dos Três Estados

Finalmente, a quarta e última parte consiste apenas da descida do Pico dos Três Estados, percorrendo as cristas das montanhas – onde você pode continuar observando as belas paisagens e também ver o quanto já percorreu durante todo o trekking – até chegar ao ponto final da travessia, que se trata de um sítio na cidade de Itamonte, em Minas Gerais.

Vale lembrar que toda essa travessia pode também ser feita no sentido contrário, ou seja, começando em Itamonte e terminando na Toca do Lobo, em Passa Quatro, mas não tente fazê-lo caso não esteja com um guia já bastante experiente ou se não estiver extremamente familiarizado com esse percurso, pois existem muitas bifurcações que podem fazer com que você saia da rota e se perca. Além disso, no sentido oposto, há algumas dificuldades a mais (como bambus, rochas, etc.) que, por estarem posicionados nessa direção contrária, podem dificultar muito a subida e ainda danificar seus equipamentos.

2. O que levar

Esse é talvez um dos pontos mais cruciais para conseguir completar a Travessia da Serra Fina sem passar por grandes dificuldades. Por exemplo, apesar de ser uma serra com diversas nascentes d’água (“Serra da Mantiqueira” inclusive significa “serra que chora”), você encontrará pouquíssimos locais para reabastecer sua garrafa de água, portanto, é de extrema importância que você leve bastante água para não haver risco de desidratação. No entanto, isso pode significar que sua mochila ficará mais pesada do que o desejado, então lembre-se de levar realmente apenas o que é essencial.

Bastões de caminhada também são equipamentos quase obrigatórios, pois como são horas em pé a cada dia e há muitas subidas e descidas, eles acabam sendo extremamente úteis e facilitam muito a progressão. Outra coisa que não se deve esquecer são as roupas de frio – as noites podem ser bem geladas nos cumes desses picos – mas, se possível, tente não levar moletons que pesarão a mochila, e, sim, aquelas jaquetas térmicas, que são mais leves e não ocupam tanto espaço.



Além disso, há os equipamentos básicos que se leva para quase todos os tipos de trekking, como sacos de dormir (para até -5ºC, por precaução); boné ou chapéu; protetor solar; mochila cargueira com pelo menos 70 litros; capa de chuva; kit de primeiros socorros, e botas de caminhada impermeáveis.

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3. Quando ir

A escolha é sua, mas é importante lembrar que esse é essencialmente um trekking de inverno. Apesar das temperaturas baixas que você terá que enfrentar em altitudes altas (principalmente durante as noites), o risco de tempestade em qualquer outra época do ano além do inverno pode ser grande, automaticamente elevando o nível de dificuldade da travessia. Além disso, durante os meses mais frios, a caminhada poderá ser bastante agradável de se fazer, já que o calor e o sol nos fazem cansar e transpirar muito mais.

  Quer viver essa experiência? Entre e conheça mais detalhes da viagem que te leva para fazer a Travessia da Serra Fina

 

Super Dicas do Desviantes para o trekking da Serra Fina

1) Evite fazer a travessia em menos de 4 dias de caminhada. Acima de tudo, a travessia da Serra Fina oferece muitos momentos de contemplação. Reserve tempo para aproveitar cada um dos cumes e também as paisagens que você irá encontrar durante a caminhada.

2) O clima nas montanhas é instável. Esteja preparado para temperaturas abaixo de 0 graus, elas são muito comuns. É importante também estar preparado para muito vento e umidade, por isso, é essencial levar um anorak, que tem a função de cortar o vento e que também te manterá seco.

3) Não exagere na quantidade de água na hora de arrumar a mochila. As bicas de água são escassas, mas estão bem distribuídas. Em geral, uma média de 4 litros por pessoa será suficiente entre uma bica e outra. Consulte o seu guia para ter certeza de estar carregando a quantidade adequada.

4) Apesar de ser um trekking exigente, o circuito é bem conhecido e atrai muitos montanhistas, principalmente aos feriados. Seja solidário, amigável e respeite cada grupo. As pessoas que você encontrará no caminho também fazem parte dos atrativos e engrandecem a viagem.
 
5) Se você não tem experiência real em montanhismo ou nunca passou por desafios similares, é essencial contratar uma empresa responsável, que irá cuidar dos preparativos e fornecerá um guia experiente para te acompanhar durante todo o percurso

Silas Barbi

Praticante de trekking, escalada, mergulho livre e profissional de marketing por formação. Acredita em mundo com menos rotina e mais aventura. Suas duas paixões são o Brasil e a Natureza e não é por acaso que o seu principal objetivo de vida é levar as pessoas para conhecer as belezas naturais do Brasil.