Travessia dos Lençóis Maranhenses – Como funciona e dicas
02/04/2018

Travessia dos Lençóis Maranhenses – Como funciona e dicas

O Nordeste brasileiro é uma das regiões do nosso país que abriga alguns dos cenários mais deslumbrantes e exóticos, e um dos principais exemplos de toda essa beleza são os Lençóis Maranhenses. Lar das imensas dunas de areias brancas e que emolduram exuberantes lagoas de águas doces e extremamente cristalinas, além de praias desertas, mangues e restinga – tudo isso formando o ecossistema mais original do Brasil –, é um verdadeiro paraíso ecológico situado no estado do Maranhão que atrai não só milhares de viajantes como também inúmeros passeios e atrativos incríveis.



Mas não é fácil conhecer tudo isso – os campos de areia se estendem por quilômetros e quilômetros sem fim até se perderem de vista e suas atrações estão bem distribuídas pela área de seu parque nacional, o que significa que será necessário o acompanhamento de um guia que já conheça essa região muito bem. Ainda assim, a maioria das agências turísticas, que fazem os passeios com buggys, percorrem apenas parte de toda a extensão do Parque e exploram somente os principais atrativos por questão de tempo (e quanto mais atrações inclusas, mais caro o passeio), mas não chegam a explorar todas as paisagens que esse lugar espetacular tem para oferecer.

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Para isso, a melhor maneira de realmente explorar até o último detalhe dos Lençóis Maranhenses – o que, sem sombras de dúvidas, vale muitíssimo a pena – é através do trekking que percorre as principais cidades e vilas da região para lhe dar a oportunidade de conhecer não só os cenários mais clássicos, como as dunas e as lagoas, mas também as comunidades rústicas onde moram os nativos (que são sempre extremamente receptivos e oferecem comidas bem típicas e deliciosas) e outras belezas que permanecem intocadas após tantos anos. Não é à toa que esse é considerado um dos melhores trekkings da América do Sul!



O passeio tem saída de São Luís, capital do Maranhão, mas a trilha a pé tem início mesmo em Barreirinhas, considerada a principal porta de entrada para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A partir de lá, você também poderá utilizar veículos 4x4 e voadeiras (ou pequenos barcos) para atravessar o Rio Preguiça e outras partes mais complicadas nas dunas que não podem ser feitas através de caminhada, mas a grande maioria da travessia é feita toda a pé e, por isso, é importante ressaltar que seu nível de dificuldade é alto, tanto por causa de sua duração, podendo levar de quatro a cinco dias para completar, como também pelo seu terreno extremamente arenoso (a areia é muito “fofa”), o que pode dificultar a locomoção e desgastar e fadigar os pés e as pernas um pouco.


Caminhada nas dunas


Veículo 4x4

De Barreirinhas, a travessia segue em direção a Canto de Atins, localizado em frente a foz do Rio Preguiças, que se trata de um pequeno vilarejo de pescadores onde você terá a oportunidade de conhecer os nativos e como eles vivem em total simplicidade, além de se banhar nas águas cristalinas das lagoas e de sua praia de mesmo nome. Em seguida, você passará pela vila de Baixa Grande, que é a parte mais “tranquila” desse trekking pelo fato de ser apenas uma reta pela beira da praia, o que lhe garante uma linda paisagem e um pouco de descanso; no entanto, após algumas horas caminhando, você logo enxergará o famoso e clássico cenário dos Lençóis formado pelas imensas dunas e encantadoras lagoas de água doce à frente. A próxima parada é a Queimada dos Britos, que mais se parece um oásis, pois a vila lembra uma pequena ilha cercada por um mar de areia que se encontra bem no coração do parque nacional. Finalmente, a última parada se trata da segunda principal cidade e base de acesso para o Parque dos Lençóis Maranhenses: Santo Amaro, que abriga algumas das maiores belezas de toda a região e também conta com uma infraestrutura turística melhor que as outras (atrás apenas de Barreirinhas). Após sair de Santo Amaro, você irá retornar para São Luís.


Travessia de Barreirinhas à Atins - Foto: Fred Schinke

Há também uma rota alternativa à essa, que, ao invés de ter início em Barreirinhas, faz o sentido contrário, começando por Santo Amaro, passando primeiro pela Queimada dos Britos, depois Baixa Grande e, então, terminando em Barreirinhas (podendo incluir Atins também, dependendo da sua preferência e de quantos dias você quiser completar toda a travessia).

De qualquer forma, o trekking continua sendo desafiador, uma vez que, como já mencionado inicialmente, a extensão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é muito vasta e o terreno arenoso pode dificultar as caminhadas. No entanto, o esforço físico não é motivo para desanimar, pois você irá ver tantas riquezas, encantos e maravilhas naturais ao longo do percurso que cansaço nenhum irá lhe fazer querer parar – são dezenas de lagoas para se banhar (uma mais extraordinária que a outra!) e algumas de tons tão profundos, azuis ou verde-esmeralda, que parecerão miragens no meio do deserto, sendo as principais delas as lagoas Azul e Bonita (em Barreirinhas), as lagoas da Gaivota e da Betânia (em Santo Amaro), e a Lagoa Verde (em Atins), entre muitas outras. Além de mergulhar nas águas das lagoas, você também poderá curtir as praias, que são geralmente desertas e também tem águas cristalinas (como a de Caburé, de Atins, Vassouras, etc) e o famoso Rio Preguiça, além de conhecer a vida dos caiçaras que moram nessa região há anos.


Lagoa Azul


Flutuação no Rio Preguiça

Inclusive, as pernoites durante os quatro/cinco dias da travessia são feitas em acomodações extremamente simples, onde os nativos lhe receberão com muita alegria e comida bem típica, o que compensa totalmente a falta de energia elétrica e de estrutura – o importante será descansar e comer bem enquanto deslumbra-se com o cenário que poderá ser visto de pertinho. Para quem preferir uma hospedagem mais “moderna”, é possível encontrar algumas pousadas em Barreirinhas e Santo Amaro, que, por serem as maiores cidades e principais bases de acesso ao Parque, oferecem melhor infraestrutura para os viajantes.


Casa de nativo

Já para fazer essa travessia com todo conforto e segurança possíveis, é imprescindível saber alguns pontos importantes: primeiramente, tente se programar para fazer a trilha após o período chuvoso, ou seja, entre os meses de Junho a Setembro, quando as lagoas estarão com um ótimo volume d’água depois das chuvas, portanto, você não corre nem o risco de encontrá-las secas ou com pouco volume, nem de fazer o trekking enquanto chove. Outro ponto crucial para fazer a travessia, principalmente para sua segurança, é saber o que levar – por exemplo, alguns itens são absolutamente indispensáveis, como mochila cargueira, sapatos confortáveis (botas ou tênis que já estejam amaciados antes de começar a caminhada), chapéus ou bonés, protetor solar, roupas leves, cantil ou garrafa de água, repelente e medicamentos caso você tome algum.


Mochila Cargueira - Foto: Curtlo

Silas Barbi

Praticante de trekking, escalada, mergulho livre e profissional de marketing por formação. Acredita em mundo com menos rotina e mais aventura. Suas duas paixões são o Brasil e a Natureza e não é por acaso que o seu principal objetivo de vida é levar as pessoas para conhecer as belezas naturais do Brasil.